DISCURSO DA SESSÃO DE
LANÇAMENTO DO LIVRO
“Ultramar Colonial
(1961-1974). O Modo Português de Fazer a Guerra”
Excelentíssimo Senhor Tenente-General Chito Rodrigues
Excelentíssimo
Senhor Diretor-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, Dr. Silvestre
Lacerda
Excelentíssimos
Senhores Generais
Excelentíssimos membros da mesa de honra, MGen Aníbal Flambó, Coronel Carreira Martins e Doutor Francisco Abreu
Caros camaradas, amigos, minhas senhoras e meus senhores, ilustres convidados, bem-vindos a esta sessão de lançamento do livro: “Ultramar Colonial (1961-1974). O Modo Português de Fazer a Guerra”.
É uma honra estar
aqui presente perante tão distinta plateia e dirigir-vos algumas palavras. Primeiro,
de agradecimento e, posteriormente, sobre a obra que nos reúne aqui.
Aproveito a
oportunidade para agradecer o apoio incondicional e o companheirismo de um
conjunto de pessoas que muito estimo e sem as quais esta obra não chegaria a
ver a luz do dia.
Primeiramente, quero
agradecer ao Coronel Carreira Martins pela magnífica apresentação da obra e ao
qual estou sinceramente grato e reconhecido pelo precioso apoio, camaradagem e
amizade nesta jornada, que agora chega a bom porto. Ao Major-General Aníbal
Flambó todo o apoio que prestou à publicação desta obra, tanto a nível
institucional como a nível pessoal; agradeço à Dra. Fernanda Nunes o seu contributo
incondicional na leitura atenta dos textos sempre com oportunas sugestões e
motivação constante, a fim de alcançar o almejado resultado final. Aos meus
camaradas, que servem no Arquivo Histórico Militar, especialmente, ao Major
Hélder Alves e à Sargento-Ajudante Marta Sintra pela disponibilidade
demonstrada e pela inexcedível e prestimosa colaboração. À Dra. Susana Pinheiro
pela dedicação e ajuda na construção dos índices automáticos e dos gráficos. Ao
Dr. António Pais, à Dra. Sara Loureiro e à Dra. Ana Cristina pela ajuda na
investigação documental e nas bases de dados do Arquivo.
Agradeço a colaboração da Investigadora Luísa Amaral e do Capitão-de-mar-e-guerra Miguel Judas no apuramento dos dados relativos aos antigos combatentes; à Doutora Ana Vaz Milheiro pelas várias conversas acerca do livro e sugestões nas abordagens, principalmente relacionadas com a questão dos “Aldeamentos”, assim como pelo apoio institucional à publicação desta obra, no âmbito do projeto Archwar. Agradeço, muito particularmente, ao Coronel Aniceto Afonso os inestimáveis contributos na produção deste trabalho e o excelente prefácio que em muito valoriza a obra, tendo em conta a sua experiência militar e o seu extraordinário conhecimento académico sobre a História Militar. Por último, quero agradecer, à minha família a compreensão e o apoio que me proporcionou desde o início desta longa jornada.
Sobre a Obra
A obra hoje
apresentada resultou de um processo de investigação, enriquecimento permanente,
de estudo e análise, principalmente de documentos originais produzidos pelas
Forças Armadas Portuguesas, no âmbito da Guerra em África (1961-1974).
Os documentos
estudados pertencem, principalmente, ao Exército e encontram-se disponíveis no
Arquivo Histórico Militar, especialmente no que respeita aos Capítulos que tratam: o início da Guerra do Ultramar, o Modo
Português de Fazer a Guerra e os Três Teatros de Operações: Angola,
Guiné-Bissau e Moçambique.
Não obstante,
foram realizadas vastas leituras e referências a trabalhos já publicados. Portanto,
não se trata de uma obra de pura doutrina positivista pois contém a visão do
Exército, à época, e o caráter sempre subjetivo que o autor lhe impõe.
A obra apresenta-nos inicialmente uma contextualização
da Guerra em várias vertentes:
- No plano
geopolítico, onde Portugal se debateu com as influências e interesses
internacionais num contexto hostil e complexo;
- A importância
estratégica das Províncias Ultramarinas num contexto de Guerra Fria;
- A
independência de novos países africanos limítrofes das Províncias Ultramarinas;
- A subversão
fomentada pela União Soviética, no quadro de uma política internacionalista e a
crescente influência da China em África;
Este livro apresenta-nos “o Modo Português de Fazer a Guerra” pelas Forças Armadas Portuguesas, que conceberam e concretizaram uma nova forma de fazer a guerra num contexto político-militar de elevada complexidade.
Pretendemos demonstrar que a estratégia de ação psicológica foi fundamental na conquista das populações. Assim, a promoção económico-social passou a ser a verdadeira luta, com o grande objetivo de impedir e subtrair a iniciativa ao processo subversivo.
Simultaneamente,
usou-se a força da razão e a força das armas, garantindo uma manobra bem
planeada de contra-subversão.
As ações
psicológicas fundaram-se, de uma forma geral, no apoio à educação, no apoio
sanitário, na construção de obras públicas, nas infraestruturas, nos
transportes e na mobilização das populações, visando a proteção e o desenvolvimento
das condições de vida.
O Povoamento
Estratégico, a par do Recrutamento Local, foram dois vetores essenciais que
caraterizaram “O Modo Português de Fazer
a Guerra”.
Como resultado da ação psicológica e a falta de recursos humanos, o recrutamento local aumentou exponencialmente, tendo atingido valores na ordem dos 50% de indivíduos recrutados localmente.
A finalidade
última da estratégia de ação psicológica seria garantir o tempo suficiente para
se alcançar uma solução política, anulando as razões básicas da subversão e
assim conquistar os corações e as almas da população.
O impacto da Guerra do
Ultramar estendeu-se por um período de 13 anos e determinou a forma como a ditadura portuguesa do Estado Novo havia
de cair a 25 de abril de 1974. Ainda hoje está presente nas famílias e na
sociedade portuguesa.
Esperemos que
todos os leitores desfrutem da obra “Ultramar
Colonial (1961-1974). O Modo Português de Fazer a Guerra”.
E mais uma vez,
obrigado pela vossa presença.
Bem Hajam!
Lisboa,29 de
setembro de 2022